Isso nem era para ser uma pauta. Na verdade nem é, eu acho. Assim como todas as maiores estórias contadas no mundo, a minha também começa com “Era uma vez…”. A diferença é que nenhum super herói conseguiu resolver o enigma proposto pela marca Marisa em seu novíssimo catálogo dedicado a data comemorativa e supermegaultramasterblasterhiper comercial: o dia dos namorados.
Tudo começou com um desejo de consumo que sequer eu sabia que poderia ter, já que na maioria das vezes, somos levados a comprar algo simplesmente pela forma como somos abordados por propagandas que pegam exatamente nosso ponto fraco, e não porque necessariamente precisamos disso ou daquilo. Foi assim comigo e com o lenço com estampas de caveira publicado na primeira página do catálogo da Marisa.
Que a marca não gosta dos homens, nós já sabemos, certo, pessoal? Afinal de contas…. “De mulher, para mulher…Marisa!”. Ok! A gente entendeu bem o recado, não vamos insistir. Mas a questão é a seguinte: o lenço foi usado com a única função de compor o catálogo da marca, mas não pertence a linha de artigos encontrados na loja, porque obviamente não é da Marisa. Mas de quem é então?
Eu não sei! Em um único dia fui em três lojas Marisa, sendo duas na Av.Paulista. As lojas em questão só apresentam roupas femininas, e quando abordadas, as vendedoras me disseram para procurar alguma franquia da marca que vendesse também roupas masculinas. Eis que pego o primeiro ônibus que vejo e saio correndo para chegar a um shopping faltando menos de 3 minutos para fechar. A decepção não podia ser maior quando a vendedora se faz totalmente indiferente a situação, apresentando a justificativa: “não veio para a loja, moço”. Minha vontade era dizer a ela: “eu sinceramente queria que sua chefe fosse a Sra. Priestly. Aí você ia ter que se virar!”
Nós todos sabemos que roupa masculina não é o forte da Marisa, que até tentou criar aquele conceito “Marisa & Família”, mas que acabou não vingando. Tanto é, que a moda apresentada pela marca direcionada aos homens é bem fraca. Afinal de contas, estamos quase em pleno inverno e eles apresentam pólos e camisetas, como se fossemos sobreviver ao tempo gelado apenas com um pedaço de pano. Me expliquem como sem casacos ou jaquetas, poderemos oferecer proteção as mulheres que queremos conquistar a moda antiga.
Já enviei e-mail ao SAC da marca para que esclareça de onde vem o lenço tão mágico e misterioso, mas ainda não recebi nenhum tipo de contato. Acredito ser uma falha enorme jogar algo tão livre e solto aos consumidores, sem se preocupar com a repercussão no mercado. Aliás, um bom exemplo disso é a revista Vogue que já foi processada por estampar em sua capa uma tonalidade de verde indisponível no mercado. Ou seja, nada de despertar desejos que não podem ser adquiridos pelos consumidores.
Dessa forma, fica a dica: em qualquer produção de moda, independente de sua dimensão, é importante dar os créditos de forma clara, evidenciando as marcas que forneceram artigos simplesmente para ajudar a compor looks de catálogos, editoriais, lookboks, etc. Um ótimo modelo a ser copiado é o da MTV, que na vinheta final de seus programas, sempre apresenta de forma objetiva todas as marcas vestidas por seus VJ’s. Então escute bem, Dona Marisa, eu até perdoô a Sra., mas veja se não vai pisar na bola de novo, hein?